domingo, 6 de setembro de 2009

Texto motivador II

" Os ciclistas que deixaram seu nome na história do esporte sempre foram atletas de características extraordinárias, que os colocam na frente de seus oponentes. Vou citar como exemplo Miguel Induráin. Desde as categorias de base, os médicos falavam que ele possuía o dobro da capacidade de recuperação dos outros corredores. Em comparação a nós, se pedalássemos juntos durante dez dias, o desgaste dele era de apenas cinco dias. E, recuperando-se muito rápido, é evidente que sua qualidade física é melhor.
Mesmo que tenham alguma capacidade rara para o pedal, entretanto, estes ídolos também são extremamente dedicados e concentrados, sempre com pensamento positivo e muita determinação. Dizemos que eles tem saúde de ferro, mas não é só isso.
O italiano Mario Cipollini é outro bom exemplo. Por mais que ele, merecidamente, tenha fama de playboy, pois gostava de ir a boates e de aproveitar a vida social agitada, não deixava de estar, todos os dias, em cima da bike as 6h, fazendo um trabalho duro e extremamente produtivo. Ele sabia como estar na mídia, mas também treinava muito para ter o nível que tinha.
Assim, você percebe que todos tem os mesmos princípios para serem campeões. São corredores dedicados e com garra. Eu me lembro que um dos meus colegas de pelotão, Eric Caritoux, sempre dizia: - Na hora da dificuldade é que você vê o caráter das pessoas - ou seja, quando a situação aperta é que você vê quem é capaz de entender as dificuldades e fazer a diferença.
Como no dia em que, antes de uma prova, eu falei pra ele que estava com dor nas pernas. Cariloux disse que sempre estava com este tipo de dor. Ou seja, o que ele quis me dizer é que a dor nas pernas era consequência daquilo que nós fazíamos e que não devíamos ficar melindrados. Ele sempre teve dor nas pernas por causa das corridas, mas sempre soube dar seu melhor, independentemente de qualquer desconforto, como os melhores ciclistas.
Outra coisa que não escapam é dos dias difíceis. Como estamos acostumados a vê-los sempre vencendo, quando eles têm resultados ruis, passam despercebidos. Mas, como acontece com qualquer pessoa eles se sentem mal por não terem alcançado o objetivo desejado e também passam por dias em que se sentem fracos e não conseguem apresentar seu melhor desempenho. O que é difícil para você, para eles é tão difícil quanto.
Quando convivemos com os grandes nomes da história do ciclismo, percebemos duas coisas: que eles são atletas que tem um talento especial, por isso se sobressaem em relação a outras, mas também são pessoas normais.
Um dos meus bons companheiros, que me ensinou muito e com quem mantenho uma grande amizade, foi Marc Madiot, que hoje é diretor da Française des Jeux. Nós conversávamos muito sobre automobilismo e ele sempre brincava falando que achava as brasileiras muito bonitas e que eu devia lhe apresentar algumas. Mas ele também era uma pessoa extremamente determinada na sua vida pessoal, tanto que conseguiu montar uma equipe de ciclismo - tarefa difícil, pois não é qualquer um que convence um patrocinador a dar 30 milhões de euros para cada temporada.
Tudo que eu faço hoje, o meu jeito de ser, de pensar e conduzir minha vida, tem relação com o que vivi no esporte. Foi uma grande escola da vida, que eu uso no meu dia a dia. Grande parte do que aprendi veio da convivência com estes atletas, em que eu aprendi a me questionar, mas sempre acreditando na minha capacidade."

Mauro Ribeiro - Técnico da Equipe Flying Horse Caloi Unilance de Ciclismo e da seleção Brasileira de Estrada. (Revista Vo2)

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